Hoje, acordei um pouco triste. Não sei se é porque hoje é
domingo, e vem aquele tédio e toda aquela preguiça de saber que o próximo dia
já é uma segunda-feira e terei que ter coragem pra enfrentar cinco dias de
rotina (que são um saco), ou se é saudade. Mas... Saudade do quê? Saudade da
minha antiga rotina, que eu achava um saco, mas era a melhor rotina que eu já
tive. Eu era mais pobre, mas havia colégio, havia amigos todos os dias, havia
professores todos os dias, um deles era meu preferido (e gatinho). Eu tenho
esse costume de não me contentar com as coisas que eu tenho. Pode ser a maior
conquista da minha vida, mas algo sempre está errado. Claro que não devemos
estacionar a nossa vida em algum lugar só porque está confortável nesta
situação. Nunca estaremos confortáveis. Nunca devemos estar. O ser humano é
coisa doida. Ninguém sabe de onde veio, para onde vai (se é que daqui da Terra
a gente chega a algum outro lugar), mas vivemos buscando respostas pra tudo.
Uns se apegam à sua fé, outros na ciência. Eu, sinceramente, não me apego em
nada. Antes me apeguei à fé, depois tive aquela fase de me apegar na ciência e
achar que ela respondia a tudo - ou melhor, quase tudo. Agora, depois de me
apegar a estas coisas e só criar mais dúvidas, resolvi parar. Tento deixar as
coisas rolarem e ser como elas devem ser. Claro, se quero alguma coisa, vou
atrás, faço o que posso e de resto... Deixo acontecer. Já me frustrei demais.
Se sou ateia? Não sei. Não sei de nada. Sou uma ninguém que já perdeu as
esperanças em acreditar em qualquer força superior. A vida tem disto, faz a
gente desistir e mudar o estilo de vida a cada ano.
Confesso que meus dias não têm sido dos melhores, mas com
calma tudo se ajeita. Hoje, e excepcionalmente hoje, me dei o direito de ficar
triste e de gritar (ou escrever) que estou cansada e esgotada, com saudades de
velhos tempos, de velhos amigos, dos professores...
Hoje, e excepcionalmente hoje, me dei o direito
de ficar triste, de ser pessimista, de pensar, de refletir, de me apaixonar e
desapaixonar, de chorar com as lembranças, de querer desistir de tudo. Dei um
dia de folga pra coragem e pra esperança... Hoje, e excepcionalmente, hoje.